Restos de Colecção: abril 2018

29 de abril de 2018

Nota aos Leitores

Proponho aos estimados leitores, seguidores e amigos, que já baixaram (em PDF) o e-book "Cinemas de Lisboa" (1896-2011) - disponibilizado gratuitamente neste blog - que o baixem de novo, já que, algumas correcções na formatação do texto, assim como outras, foram efectuadas.

Para aceder ao novo PDF, além de disponibilizado na barra lateral, poderá clicar na seguinte imagem:

Capa (PDF).1 (aplique)

Aproveito a oportunidade para informar, que um novo e-book intitulado "Teatros de Lisboa" (1765-1976), elaborado na mesma linha editorial do anterior, - e igualmente gratuito - estará disponível na primeira quinzena de Maio. Avisarei da sua disponibilidade em devido tempo, ficando aqui, e desde já, a sua capa.

Capa (miniatura ) (aplique)

Com os meus melhores cumprimentos

José Leite

26 de abril de 2018

Hotel Americano

O “Hotel Americano” terá aberto as suas portas no início da primeira década do século XX, propriedade da firma “Candeira & Vieitez”, ocupando o edifício nº 73 na sua totalidade na, então, Rua do Príncipe, actual Rua Primeiro de Dezembro esquina com a Calçada do Carmo, em Lisboa. Era igualmente propriedade do Hotel a “Brasserie Principe”  - café restaurante e bilhares - que ocupava as lojas do mesmo edifício.

Postal publicitário e lateral do edifício do “Hotel Americano” (à esquerda na foto) na Calçada do Carmo

 

Publicidade no “Guia dos Caminhos de Ferro” de Outubro de 1913

Edifício do “Hotel Americano” com o “Grande Café d’Italia” (ex-Brasserie Principe) a partir de 1922 e respectiva publicidade em Julho de 1922

 1922 Café de Italia (Julho)

Nos finais do ano de 1931 o “Hotel Americano” é adquirido por Cecílio Fernandez, que o remodela e actualiza, tornando-o mais confortável e moderno, adquirindo a classificação de 2ª classe, segundo as normas do Decreto-Lei 19174 de 22 de Dezembro de 1930.

Aquando da sua reabertura, um artigo no jornal "Reporter X" de 25 de Dezembro de 1931, referia:

«Não faltavam por aí hoteis que de hoteis só tinham o nome, que por instalações sem comodidades de espécie alguma e por preços exorbitantes davam aos seus clientes a impressão de se encontrarem em qualquer país recondito, ao qual não houvessem chegado ainda vislumbres de civilização.
Hoje, está esse problema resolvido. o Hotel Americano, instalado no nº 73 da Rua Primeiro de Dezembro, em propriedade propria, veio acabar com essa falta que só nos envergonhava.(...)
Dispondo de aposentos onde nada falta, desde o luxo até á maxima comodidade, o Hotel Americano, sob a direcção do seu proprietario, sr. Cecílio Fernandez, compete com o melhor que nos tem sido dado conhecer lá fora.(...)
Desde a sala de jantar, ampla, confortavel e atraente, passando pelos aposentos, onde não foi esquecido o minimo requisito, nada ali falta para dar ao Hotel Americano foros de hotel de 1ª classe
E quando toda a gente poderia supôr que os preços seriam exagerados, surge-nos uma tabela que nos deixa incrédulos, pois é difícil conceber como com tão pouco dinheiro é possível servir tão primorosamente. Não se julge que exageramos. Em parte alguma era possível tal milagre, que doutra forma não pode classificar o que o sr. Cecílio Fernandez conseguiu, o que lhe vale, sem favor, ter uma clientela que, pelo numero e pela qualidade, é o melhor reclamo da sua casa.
Educado pelo dono e gerente do modelar estabelecimento, todo o pessoal do Hotel Americano, solícito, amável, atenciosos, auxilia a demarcar a boa impressão que em todos deixa o magnífico estabelecimento da rua 1º de Dezembro, obrigando aqueles que uma vez o frequentaram a nunca mais preferirem outro.»

Carta escrita em papel do “Hotel Americano”

Traseiras do “Hotel Americano” por ocasião do funeral do advogado e poeta Augusto Gil, em 28 de Fevereiro de 1929

8 de Janeiro de 1932

1934

1934 Hotel Americano

 

 

                                             1952                                                                                          1961

  

O “Hotel Americano”, foi alvo de obras renovação e melhoramentos em 1960, após as quais não tive conhecimento da sua história até hoje. Apenas sei que o Hotel, passou a regime de Residencial de 2 estrelas e seria profundamente remodelado, ou melhor dizendo, reconstruído e redecorado a nível de interiores, já no século XXI, tendo mudado de nome para: “Americano Inn Rossio Hotel”

 

 

 

 Actual.3

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Municipal de Lisboa, Hotel Americano

22 de abril de 2018

Restaurante “Folclore”

O Restaurante e Bar "Folclore", propriedade da "Sociedade Central de Cervejas, S.A.R.L.", foi inaugurado a 6 de Outubro de 1959, na Rua Nova da Trindade, nas instalações da “Cervejaria Trindade".

Relembro que foi em 21 de Junho de 1934, que foi constituída a “Sociedade Central de Cervejas” (SCC), fruto da associação da “Companhia Produtora de Malte” e Cerveja Portugalia”, da Companhia de Cervejas Estrella”, da Companhia da Fábrica de Cerveja Jansen e da ”Companhia de Cervejas de Coimbra”. Impondo os interesses da família Vinhas,  capital inicial perfilhava os 100.000 escudos, divido do seguinte modo: Portugália e Estrela com 40,9%, Jansen com 10,2% e Coimbra com 8%. Em 1934 o património da “Fábrica de Cervejas da Trindade”, incluindo a sua Cervejaria, é integrado na SCC, depois de ter sido adquirido em hasta pública.

Foi em 1840 que abriu o balcão de venda directa ao público de cerveja na "Cervejaria Trindade", instalada na primeira sala que restava do refeitório dos frades Trinos.

1907

Entre 1946 e 1948 são promovidas obras de ampliação da “Cervejaria Trindade”, e em consequência das mesma é criada uma nova sala, decorada com painéis em mosaico de pedra, estilo calçada portuguesa, da autoria da pintora e ilustradora Maria Keil., razão pela qual ficou designada por “Sala Maria Keil”. Neste espaço, e no passado, esteve instalada a  Igreja do Convento da Santíssima Trindade, e nos espaços anexos, funcionou entre 1836 e 1935 a "Fábrica de Cerveja Trindade".

“Sala Maria Keil”, onde se viria a instalar o restaurante “Folclore”

Folclore.15 Folclore.16

Em 1959, a “Sala Maria Keil” foi separada da "Cervejaria Trindade", e depois de transformada sob projecto dos arquitectos Alberto José Pessoa e Raúl Chorão Ramalho, passa a funcionar o Restaurante "Folclore", entre 1959 e 1972. Foi um restaurante típico de qualidade, virado para o turismo e divulgação da arte popular portuguesa. As capas dos seus menús eram desenhados por Jorge Matos Chaves.

A sua inauguração oficial foi a 6 de Outubro de 1959, mas a sua abertura ao público só seria 4 dias mais tarde, em 10 de Outubro.

Interior do restaurante “Folclore”

 

17 de Abril de 1964

 

Capas de «menú» da autoria de Jorge Matos Chaves

       

Palco do restaurante “Folclore”

Julho de 1963

Primeira publicidade aquando da sua abertura ao público em 10 de Outubro de 1959, e outra em Outubro de 1963

   

Fotos e carteira de fósforos alusivos ao jantar com a gerência da firma "Danisol - Representações, Lda." em 1966 e 1968



Fotos gentilmente cedidas por D. Maria João Pimenta

Julho de 1963

Ao mesmo tempo foi criado um Bar - parte integrante do Restaurante "Folclore" - instalado num saguão desaproveitado da "Cervejaria Trindade", sob uma cobertura envidraçada. A sua concepção ficou a cargo do designer Eduardo Anahory, que também desenhou o mobiliário. A decoração deste Bar incluiria um painel de azulejos da autoria da pintora Menez (Maria Inês Ribeiro da Silva), sua amiga.

Bar do “Folclore”

Painel de Menez por cima do estofado corrido

 

13 de Agosto de 1960

O Restaurante e Bar “Folclore”, encerraria definitivamente em 1972 e as suas instalações seriam reintegradas na “Cervejaria Trindade”.

Foto actual da “Sala Maria Keil”, ex- Restaurante “Folclore”, uma das salas da “Cervejaria Trindade”

Bibliografia:

- Foi consultada a “Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitectura”, de José António Braz Borges. IST   Outubro 2010. Desta foram retiradas algumas fotos e gravuras, agradecendo  a gentileza do seu autor, na cedência deste documento.
- Site oficial da ”Cervejaria Trindade”

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Digital