Restos de Colecção: abril 2013

30 de abril de 2013

Curiosidades Automobilísticas (6)

Carlos Bleck mostrando o motor dum «Renault» junto à garagem "Auto-Palace" em 1912

Foto anterior na Revista “Occidente” em 1912

Gincana automóvel na Parada de Cascais, em 1909. Na foto o «Napier» de Rugeroni Garcia

Aviso à condução automóvel promovida pelo ACP

Concurso de Elegância em Junho de 1927 no Estoril. Um «Jean Gras» de Mateus Oliveira junto ao "Hotel do Parque"

fotos in: Centro de Documentação do ACP, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

29 de abril de 2013

Autosil

A identificação do fundador António Acácio da Silva com a sua empresa está bem patente no nome da própria empresa registada em 1925 - A. A. Silva - e na marca comercial “Autosil” . A marca foi resultado da composição dos termos Auto de automóveis, como actividade central dos negócios, e Sil de Silva.

                                                                                           1944

                                            

Mais tarde, em 1934, esta firma concentra a sua actividade na importação de equipamento automóvel de origem francesa  - marcas “Cibié”, “Klaxon”, “Bendix”, “Jaeger” e “Paris-Rhone” - e nas baterias “Gould” (USA) e em 1937 é nomeada representante dos automóveis “Hotchkiss”.  Lembro que esta marca de automóveis era até então, e desde 1931, representada pela empresa “SETER – Societé d’Etudes Techinques et Representations, Lda.” através daAuto-Palace”, em Lisboa.
 
Entretanto em, devido ao eclodir da 2ª Guerra Mundial, as actividades principais da empresa são interrompidas, e são produzidas as primeiras baterias com a marca “Autosil”.

                                   

Com o fim da guerra, em 1945, a “A. A. Silva” retoma o conjunto das actividades que passa a incluir a representação dos camiões “Berliet”, que constituíram uma contribuição valiosa para o desenvolvimento da empresa, verificando-se o aumento da produção de baterias.

Em 1950, é construida em Paco d'Arcos uma unidade de produção de baterias num terreno com uma área de 80.000 m2. Três anos mais tarde, em 1953, tem inicío o fabrico de pilhas secas de zinco-carbono que chegou a assumir uma dimensão significativa na unidade industrial de Paço d'Arcos.

                                                                       Instalações em Paço d’Arcos

 

 

 
 
No ano seguinte, em 1954, têm lugar os primeiros fornecimentos de baterias para equipamento das principais marcas de automóveis montados em Portugal: “Fiat”, “Ford”, “GM”, “Renault”, “Peugeot”, etc.
 
Em 1964 a empresa individual “A. A. SILVA” dá lugar à criação de duas sociedades anónimas. Uma delas de seu nome “Acumuladores Autosil S.A.R.L.”.

                                                             Loja na Av. 24 de Julho, em Lisboa em 1969

                                     

Em 1973 tem início a produção de baterias em caixa de polipropileno, e em 1978 são lançadas as primeiras baterias de manutenção reduzida e sem manutenção. Em 1979 tem inicio a exportação de baterias para equipamento de origem das marcas “Renault” e “Citröen” em França.

                                                                    Assistência num camião “Volvo”

                                      

                                             Fornecimento de energia “Autosil” a um adepto mais exigente …

                                      
 
Em 1980 é abandonado o fabrico de pilhas secas uma vez que concorrência internacional inviabilizava a sobrevivência de pequenas e médias fábricas desse tipo de produtos. Por outro lado, a produção de baterias de arranque, graças aos avultados investimentos em equipamento de produção e automação, não cessava de aumentar e a exportação representava, nessa altura, cerca de 60% da actividade da “Autosil”. Por consequência, em 1989 e 1990 são criadas as filiais comerciais em Espanha e França.

Depois da homologação das baterias “Autosil”, em 1991, para fornecimento exclusivo da AutoEuropa em Palmela, dão-se início em 1992 aos investimentos industriais em França com construção de uma nova fábrica, e em 1994 a “Autosil” adquire a CFEC, segundo maior fabricante francês de baterias, ao Grupo Fiat. Ascende, assim, ao quarto lugar entre os maiores fabricantes europeus, com uma quota de mercado na Europa superior a 7%.

                                            1950                                                                                 1984

      

Em 2002 e após as dificuldades financeiras que afectaram toda a indústria e que levaram ao encerramento das actividades industriais em França, a empresa “A. A. Silva” reassume a actividade indústrial e comercial da “Autosil” após ter procedido a um investimento de 30 milhões de euros. No ano seguinte ao mesmo tempo que é reforçada a actividade comercial, com ênfase na distribuição e serviço após-venda em Portugal e Espanha centrada nas baterias de arranque, promove-se o alargamento da oferta de baterias industriais, estacionárias e de tracção, sustentada em parcerias com alguns dos principais fabricantes mundiais.

 
                                                


Através de uma rigorosa selecção de parcerias, no ano de 2004, incrementaram-se as actividade de sub-contratação tendo em vista salvaguardar a competitividade e diversidade da oferta, tanto nas baterias de arranque como nas industriais, mantendo os elevados padrões de actualização tecnológica e qualidade que caracterizaram a história da “Autosil”.
 
Em 2007, são realizados na “Autosil” os primeiros testes de baterias construídas com células de ião de Lítio (Li-ion) de capacidade adequada a aplicações industriais e tracção eléctrica. Em 2009 é concluído o projecto de conversão eléctrica com baterias de lítio (ião-Li) do “Smart I Win!” e são realizados os primeiros ensaios de estrada e apresentações ao público. Este veículo eléctrico, desenvolvido e realizado na “Autosil”, constitui uma primeira plataforma de teste para baterias avançadas.

                                                                                        “Smart I Win!”

                                                     

Presentemente a “Acumuladores Autosil, SA”, com sede na Estrada de Paço d’Arcos, tem lojas em Lisboa, Trajouce (S. Domingos de Rana), Almada, Venda Nova, Porto e Viseu.

Texto baseado na informação retirada do site oficial da Autosil.

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Autosil, A Defesa de Faro, Rodas de Viriato

28 de abril de 2013

Antigamente (68)

                                                                         Porto de Lourenço Marques

 

                                                                   Construção de uma ponte em Angola

                                       

                                                                 Sede do Banco de Angola em Luanda

 

                                  Vista da saída da Estação Central de Caminhos de Ferro de Lourenço Marques

                                             

                                                                         Roça em São Tomé e Príncipe

 

fotos in:  Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

26 de abril de 2013

Junta de Energia Nuclear

A “Junta de Energia Nuclear” (JEN) foi criada em 29 de Março de 1954, na dependência directa da Presidência do Conselho com as seguintes atribuições e competências: «prospectar, explorar, preparar e transaccionar minérios radioactivos; produzir e aproveitar combustíveis nucleares; produzir energia eléctrica por via nuclear; aplicar radiações e isótopos radioactivos em vários domínios; promover o desenvolvimento da utilização da energia nuclear; proteger os trabalhadores e as populações contra os efeitos das radiações; solucionar problemas relacionados com a energia nuclear e de interesse para a defesa civil e militar do território; proteger contra ataques atómicos; fomentar e manter relações com serviços e organismos congéneres estrangeiros e organizações internacionais com actuação na área da energia nuclear». Foi o seu primeiro presidente José Frederico Ulrich, cargo que exerceu até Novembro de 1961 altura em que foi substituído por Francisco de Paula Leite Pinto.

                                                           Laboratório de Física e Engenharia Nucleares

                                

O “Laboratório de Física e Energia Nucleares” foi inaugurado a 27 de Abril de 1961, na Bobadela perto de Sacavém, pelo Presidente da República Almirante Américo Tomaz.

                                                      Edifício do “Reactor Português de Investigação” (RPI)

   

Ao mesmo tempo, que era criada a JEN, era criada no “Instituto de Alta Cultura”, a “Comissão de Estudos de Energia Nuclear” (oficializando a existência da Comissão Provisória, criada em 1952).

A utilização de minérios uraníferos (dos quais Portugal era o terceiro produtor mundial), para fazer face ao problema da produção de energia eléctrica, apresentava-se, no final da II Grande Guerra Mundial, como uma hipótese demasiado atraente para não ser considerada, também no nosso país. Tanto mais que a industrialização, defendida por Ferreira Dias Júnior – arauto de uma dimensão industrial a introduzir no País - como medida necessária ao desenvolvimento económico, exigiria um nível de produção e de distribuição de energia eléctrica indisponível em Portugal, por volta de 1945.

               Engº Leite Pinto no Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica em 1964

                                        

Durante a fase de instalação da “Junta de Energia Nuclear” (1954-1961), a “Comissão de Estudos de Energia Nuclear” teve intervenções decisivas, nomeadamente na definição da respectiva estratégia, na preparação de pessoal para o novo organismo e na realização de trabalhos de investigação que lhe foram solicitados, entre outros.

                                                  Edifício do Departamento de Apoio Geral e Administrativo

                                 

                                 Edifício de oficinas                                            Edifício da Unidade de Física e Aceleradores

 

Na sua reunião de 12 de Outubro do ano seguinte, a JEN decidiu nomear uma comis­são para estudar o problema da aquisição do equipamento-base necessário para a consecução dos objectivos primordiais do organismo. No seu relatório, a comissão propunha a criação de um “Laboratório de Física e Engenharia Nucleares” (LFEN). Segundo os autores desta proposta, a aqui­sição de um reactor nuclear de investigação era aconselhável para que fosse possível a formação de técnicos e a continuação de actividades dos já especializados.

Em 25 de Junho de 1956, foi feita uma consulta internacional para aquisição de um reactor nuclear destinado à realização de actividades experimentais e de investigação nos domínios da Física, Química, Engenharia de Reactores, Agricultura, Biologia e Medicina.

                  Oficinas de mecânica e Electricidade                         Edifício das Ciências Químicas e Radiofarmacêuticas

 

                                  

 

Do “Reactor Project and Preliminary Hazards Report”, datado de Junho de 1957, cons­tava a previsão de que o “Reactor Português de Investigação” (RPI), viesse a ser utilizado nos seguintes domínios:

  • Física de Reactores. Experiências exponenciais
  • Física Nuclear e Física de Neutrões
  • Física do Estado Sólido. Danos causados por radiações
  • Efeitos benéficos de radiações em Medicina, Biologia, Agricultura e Indústria
  • Produção de isótopos
  • Difracção de neutrões
  • Radioquímica. Química das radiações
  • Estudos de blindagens (para protecção contra radiações).

             Interior do edifício do “Reactor Português de Investigação” (RPI) e a Piscina do Reactor (foto da direita)

 

                                                                                 Comando do RPI

                                  

                                                     Acelerador electroestático de partículas e seu comando

 

A construção do “Laboratório de Física e Engenharia Nucleares”  tem início, na Bobadela perto de Sacavém, em meados de 1957 (terraplanagens e edifícios de Física e da Administração) e os aceleradores de partículas chegam a Portugal no final do Verão de 1957. Um ano mais tarde, já se dispunha de quase todo o equipamento do reactor nuclear, cuja aquisição fora autorizada, pelo Conselho de Ministros em 21 de Janeiro de 1957. Todavia a construção do edifício do Reactor só é posta a concurso em Novembro de 1958.

Durante os anos de 1959 e 1960 são construídos os edifícios do Reactor e da Química e Metalurgia e é concluída a montagem dos equipamentos. Finalmente o “Laboratório de Física e Energia Nucleares” é inaugurado a 27 de Abril de 1961, pelo Presidente da República Almirante Américo Tomaz, entrandando em funcionamento o “Reactor Português de Investigação” (RPI), passando Portugal a ser o 35º país a dispor deste tipo de equipa­mento.

                             Interior do edifício do “Reactor Português de Investigação” (RPI) e Piscina do RPI

     

         

                                                               Comando do RPI na fase da sua instalação

                                    

Em 10 de Abril de 1962 o “Diário de Lisboa” noticiava: «Desde ontem que o reactor da Junta de Energia Nuclear (Reactor Português de Investigação, RPI) , instalado no Laboratório de Sacavém,  passou a funcionar à potência máxima - 1000 kilowatts.».

                                              

A JEN – “Junta de Energia Nuclear”, foi extinta em 1 de Outubro de 1979, com a entrada em vigor da lei orgânica do “Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial” (LNETI), no qual o LFEN – “Laboratório de Física e Engenharia Nucleares” foi integrado. Em meados de 1985, a organização do LNETI foi alterada, tendo sido criado o “Instituto de Ciências e Engenharia Nucleares” (ICEN), um dos quatro institutos do Laboratório.

O ICEN tinha a seu cargo efectuar e promover actividades de inovação e desenvolvimento, e de formação em dois domínios: engenharia dos reactores nucleares e  aplicações das ciências e tecnologias nucleares para fins não-energéticos.

 

Em 14 de Fevereiro de 1981, o reactor nuclear foi fechado depois ter sido descoberto um vazamento. Mais de 200 litros de água radioativa haviam escapado do sistema antes que o reactor fosse desligado.

Desde então foram feitas alterações estruturais Um relatório da União Europeia concluiu que as emissões e lixos tóxicos não eram controlados e os seus níveis assegurados, e que o equipamento estava obsoleto. Ao reactor foi  implementado um sistema de monotorização dos níveis de radioactividade no ambiente, tanto no ar como na água e nos solos.

Em Outubro de 1992, o LNETI foi transformado no “Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial” (INETI), no qual o ICEN se manteve provisoriamente até ao final de 1994.

Em Outubro de 1998, foi criado o Departamento de Protecção Radiológica e Segurança Nuclear do ITN (Unidade  de Protecção e Segurança Radiológica, desde 2008).

Em 12 de Julho de 2011, o ITN foi integrado no Ministério da Educação e Ciência. Desde Junho de 1999 que é o principal interlocutor nacional com organismos internacionais que actuam na área da energia nuclear.

                                                                       Campus Tecnológico e Nuclear

                                 

              

                                  ITN.1

Finalmente, em 2012 a missão e as atribuições do “Instituto Tecnológico e Nuclear, I. P.”, transitam para o Instituto Superior Técnico” (IST), instituição de ensino superior pública, integrada na Universidade Técnica de Lisboa, à qual caberá assegurar a prossecução das actividades e a prestação do serviço público atribuída àquele instituto público, nomeadamente na área da investigação científica, da inovação e desenvolvimento tecnológicos, da formação avançada, da especialização e aperfeiçoamento profissional, da cooperação com outras instituições científicas e tecnológicas, nacionais ou estrangeiras, no domínio das aplicações pacíficas das tecnologias nucleares e da protecção e segurança radiológica.

  

A cerimónia de inauguração do novo “Campus Tecnológico e Nuclear”, Pólo de Loures do IST, teve lugar no dia 5 Julho de 2012 e contou com a presença do Presidente do IST, Prof. Arlindo Oliveira, do Presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Prof. Miguel Seabra, do Reitor da Universidade Técnica de Lisboa, Prof. António Cruz Serra, do Presidente da Câmara de Loures, Eng. Carlos Teixeira, e da Senhora Secretária de Estado da Educação e Ciência, Prof.ª Leonor Parreira.

Bibliografia:
Amélia Taveira, “Génese e instalação da Junta de Energia Nuclear (1950-1961)”, Abril, 2005.
Jaime da Costa Oliveira, ”O Laboratório de Estudos Nucleares de Sacavém” "
”O Reactor Nuclear Português: Fonte de Conhecimento", Oliveira, Jaime da Costa, Colecção Saber, Ed. O Mirante, 2005
Campus Tecnológico e Nuclear

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Campus Tecnológico e Nuclear