Restos de Colecção: Relógio L. Leroy 01

2 de junho de 2011

Relógio L. Leroy 01

Relojoeiros da realeza como, Julien e depois Pierre Le Roy, Harrison, Berthoud e Louis Breguet, Jules Audmars entre outros, foram percursores destes mecanismos de precisão para medição mecânica do tempo.
É assim que no século XVIII, de Paris a Buenos Aires, e de Madrid a Londres que a casa 'Le Roy & Fils'  e mais tarde 'L. Leroy & Cie.', diversificam seus produtos, serviços e distribuição pela sua clientela.

É assim que em 1867 começa a história deste famoso "Leroy 01", relógio de nove complicações, dirigido a um circulo de coleccionadores restrito. É nesta altura que o Conde Nicolas Nostitz, de Moscovo encomenda a estes ateliers parisienses um exemplar ainda mais espectacular. Um relógio de onze complicações.

                                   

           

Este exemplar é exposto na Exposição Universal de Paris de 1878, antes de ser entregue ao seu proprietário russo. Porem após a morte do Conde Nicolas Nostitz, o célebre português Dr. António Augusto Carvalho Monteiro adquire esta peça de relojoaria e pensando que será possível acrescentar ainda mais complicações a este relógio, envia-o a Louis Leroy acompanhado de uma carta em que enumera as suas solicitações que se resumiam no seguinte: fabricar um relógio que reunisse tudo o que a ciência e a mecânica, da época pudessem reunir num objecto portátil.

                                

  

Dr. António Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920), conhecido também como “Monteiro dos Milhões” nasceu no Rio de Janeiro em 1848, filho de pais portugueses. Herdeiro de uma grande fortuna familiar, multiplicada no Brasil com o comércio de cafés e pedras preciosas, que cedo lhe permitiu embarcar para Portugal. Licenciado em Leis pela Universidade de Coimbra, Carvalho Monteiro foi um distinto coleccionador e bibliófilo, detentor de uma das mais raras colecções camonianas. Homem de cultura que, decerto, influenciou e determinou parte bastante substancial do mistério simbólico e iconográfico do palácio estilo manuelino que mandou construir na sua quinta da Regaleira, situada na encosta da serra de Sintra, o Palácio da Regaleira. Em Lisboa possuía um Palácio no Largo Barão de Quintela.

      Dr. António Carvalho Monteiro                                   Quinta da Regaleira, na Vila de Sintra

 

É assim que na Exposição Universal de Paris de 1900, é exposto o relógio ‘L. Leroy 01’,  "ultra complicado" . O resultado de 3 anos de pesquisas reúne 25 sistemas (complicações), 975 peças, num mecanismo de 4 níveis contido numa caixa de ouro de 228 gramas de peso e de 7cm de diâmetro. Desenvolvido e aperfeiçoado pelo especialista e célebre relojoeiro de La Vallé de Joux (localidade suiça célebre pela concentração de relojoeiros famosos), Charles Piguet au Brassus que mais tarde juntamente com Jules Audmars viriam a fundar a célebre ‘Audmars Piguet’. Este relógio foi concluído e montado nos ateliers de L. Leroy na Square St. Amour.

                                       Pormenores dos dois mostradores (clicar para ver detalhes)

  

Algumas funções: Indicação de anos bissextos, fases da Lua , indicação das estações do ano, solstícios e equinócios, indicador de reserva de marcha (corda), horas de nascer e pôr do sol em Lisboa, higrómetro, barómetro, altímetro até 5.000 metros, bússola , hora em 125 cidades do mundo, toque de horas 1/2 hora e 1/4 de horas, etc ...

Esta peça encomendada pelo Dr. António Monteiro recebeu o grande prémio da Exposição Universal e foi o rei D. Manuel II de Portugal, cliente fiel da marca, que estando em Paris se propôs fazer o transporte do relógio para Portugal. Dias depois entregou-o no Palácio das Necessidades ao Dr. António Carvalho Monteiro.

Actualmente esta obra-prima da relojoaria encontra-se em exposição no Museu do Tempo do Palácio Granvelle, em Bensançon

Teve de se esperar por 1989, até que as complicações deste relógio fossem superadas por outro relógio da famosa casa Patek Philippe, por muitos considerada o melhor fabricante de relógios do mundo fundada em 1839,ao apresentarem o seu modelo ‘Calibre 89’, com 33 complicações.e cujo valor ascende hoje, a 6 milhões de dólares, cerca de 4,2 milhões de euros …. Tinham passado práticamente 100 anos.

                                                                   ‘Patek Philippe’, Calibre 89

                                 

É da ‘Patek Philippe’ também o relógio de pulso mais complicado e caro do mundo. O ‘Patek Phillipe’  Sky Moon Tourbillon figurou no topo da lista dos 10 relógios mais caros do mundo. É um cronômetro de dupla-face, com caixa em ouro ou platina. O mostrador frontal exibe calendário perpétuo, hora, minuto, dia, mês e idade da Lua. Os números referentes às horas são grafados em algarismos romanos. O dial em opalina branca possui gravadas cruzes Calatrava em alto relevo.

                                                           ‘Patek Phillipe’ , Sky Moon Tourbillon

                                                Patek Philippe Sky Moon

A parte traseira do relógio tem um mapa noturno do céu no hemisfério norte, e indica as fases da lua e o tempo sideral. O excepcional “Sky Moon Tourbillon” é o relógio de pulso mais complexo da coleção Grand Complication da ‘Patek Philippe’, e também o primeiro relógio de pulso de face dupla na história da marca. Outras características Grand Complications desta obra são o ciclo de ano bissexto, o movimento tourbillon, o tempo sideral e o movimento angular da Lua. Bem mais barato que o modelo anterior … só custa 1.5 milhões de dólares, cerca de 1 milhão euros.

fotos a preto e branco (excepto retrato do Dr. António Carvalho Monteiro) in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

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